Detalhamento do verbete e outras informações técnicas


Mauro de Salles Villar

 

 

 

 

1 Entrada, cabeça de verbete ou unidade léxica é a palavra, locução, frase ou elemento de composição que abre o verbete, sendo objeto de definição e de informação. Vem em negrito e em tipo redondo, se se tratar de língua portuguesa, e em negrito de tipo itálico, se se tratar de palavra ou locução de uma língua estrangeira:


1.1 A unidade léxica pode ser uma palavra simples, uma palavra composta por hífen, um elemento mórfico da língua, uma locução, uma redução (do tipo símbolo, sigla, abreviatura etc.); pode, ainda, ser múltipla e, em casos mais raros, tratar-se de pequena frase. Veja os exemplos que se seguem:

1.2 Na entrada, só se usam letras maiúsculas quando se tratar de:
1.2.1
a) símbolos científicos (por exemplo, Hz)
b) certas siglas (por exemplo, as dos estados brasileiros: SP, RJ, BA)
c) algumas siglas do tipo acrônimo (Unesco)
d) algumas marcas comerciais, quando assim registradas no departamento competente
e) verbetes com os chamados etnônimos brasílicos
Alguns exemplos de verbetes:

1.2.2 Este dicionário registra com inicial minúscula, na cabeça dos verbetes, as palavras de língua estrangeira que no original se escrevem com inicial maiúscula (como, por exemplo, qualquer substantivo alemão), mas uma informação sobre esse fato é prestada no corpo do verbete:


1.2.3 Há verbetes nos quais em algumas ou em todas as acepções se usa (obrigatoriamente ou eventualmente) maiusculizar a primeira letra (nomes sagrados, mitônimos, astrônimos etc.). São quatro as variedades possíveis:


com inicial maiúscula: inicial maiúsc.
com inicial geralmente ou freqüentemente maiúscula: inicial ger. maiúsc. ou inicial freq. maiúsc.
com inicial por vezes maiúscula: inicial por vezes maiúsc.


Nos exemplos a seguir foi usada uma segunda cor, mas apenas como recurso de tornar mais visível a matéria de que se trata. Tais entradas, no dicionário, registram-se sempre com a inicial minúscula, fazendo notar a maiusculização obrigatória ou eventual numa nota que se segue à acepção referida ou em nota comum a mais de uma acepção:


1.3 Homônimos homógrafos homófonos - Um algarismo alceado à esquerda da unidade léxica que se define é usado nos casos de grupos desses vocábulos que se escrevem e pronunciam da mesma maneira, mas têm origens etimológicas diferentes. A sua ordem de numeração de entrada está ligada à data em que entraram no português, quando esta é conhecida:


Se não houver datação para determinado grupo de homógrafos homófonos, as palavras com os sentidos mais correntes entram na nominata sempre depois dos datados, e organizam-se geralmente com os de emprego ou temática mais usual antecedendo os menos usuais ou provenientes de áreas que não do português urbano de registro culto do Brasil e Portugal - por mera convenção epistemológica:

1.4 Homônimos homógrafos não homófonos - Neste caso, não há número alceado nas entradas, pois a ortoépia se encarrega de justificá-los como palavras de entrada autônoma. Na nominata, os de timbre aberto entram sempre antes dos de timbre fechado, não importando, neste caso, a sua datação:

1.4.1 No caso de se tratar de dois ou mais homônimos com vogais tônicas abertas, seguidos de dois ou mais de dois homônimos com as vogais tônicas fechadas, na alfabetação da nominata do dicionário tal conjunto constituirá dois grupos heterônimos autônomos, cada um com uma numeração alceada própria, pois nesse caso a datação, dentro de cada subgrupo, é referencial para a sua ordem de entrada. Veja as famílias coco (de tônica aberta) e coco (de tônica fechada):

1.5 Se a entrada for de um elemento mórfico (elemento significante, sem existência autônoma na língua, us. como formante de palavras) vem igualmente grafada em negrito redondo (não antecedida de nenhum símbolo convencional, exceto o seu hífen, se se tratar de elemento pospositivo):


1.6 Alguns casos especiais de entrada na nominata
1.6.1 Entradas de substantivos femininos - Quando um vocábulo tem um uso no feminino com sentido(s) diferente(s) do uso no masculino, os dois integram a mesma entrada, subdivididos em dois blocos visualmente separados pelo ícone . Nesse caso, o segundo bloco funciona como subentrada do primeiro. Exemplos de verbetes neste caso: capital, corneta, cura, guia, língua, moral, praça, rádio etc.:

1.6.2 Caso as duas formas (a masculina e a feminina) tenham etimologias diferentes, entram na regra dos homônimos homófonos homógrafos e ganham entradas autônomas. Exemplos: o cisma: a cisma, o grama: a grama. Existe, por isso, um verbete grama s.f. 'gramínea' (do latim gramén, ìnis) e outro verbete grama s.m. 'medida de massa' (do grego grámma,atos, pelo lat. gramma,atis)
1.6.3 Os substantivos que possuem uma forma para o feminino (terminação -a, desinência de substantivos femininos) e outra para o masculino (terminação -o, desinência de substantivos masculinos) têm entradas autônomas neste dicionário. Exemplos:

banheiro:banheira
barraco:barraca
espinho:espinha
barbado:barbada ('tarefa fácil')
baixo:baixa
barco:barca
testemunho:testemunha
chinelo:chinela
horto:horta
jarro:jarra
veio:veia
boneco:boneca
gamo:gama
sapato:sapata
rato:rata ('gafe')
cesto:cesta

1.6.4 As formas femininas de nomes de animais, profissões, nomes de parentesco etc. só ganharam entradas separadas no dicionário quando contavam com acepções ou locuções inexistentes na forma masculina. Exemplos: gata, macaca, canária, tia, filha, prima, médica, mestra, bailarina. Fora disto, não foram registradas como verbetes autônomos por nós. No exemplo abaixo, pata faz parte da nominata como entrada autônoma por contar com acepções que o verbete pato não possui (não é apenas o feminino de pato):


1.6.4.1 Os raros casos em que tal regra foi quebrada justificam-se pelo inusitado do registro.
1.6.5 Em português, o feminino das palavras em -ão forma-se regularmente de três maneiras: -oa (leitão: leitoa, hortelão:horteloa, patrão:patroa), (artesão:artesã, ancião:anciã, anfitrião:anfitriã) e -ona (folião: foliona, solteirão:solteirona, pobretão:pobretona). Este dicionário registra tais femininos com entradas separadas tão-somente quando encerram acepções especiais, inexistentes no masculino. Caso contrário, apenas se indica no campo da GRAM do masculino a sua forma feminina. Por exemplo:


Já no exemplo abaixo, o registro do feminino justifica--se, pelo motivo exposto, como verbete autônomo:

1.6.6 As palavras estrangeiras entram com duplo realce, em negrito e itálico. No caso de palavras de crioulos africanos ou orientais, assim como empréstimos de línguas locais integrados ao português por meio da literatura, o dicionário respeitou as grafias usadas nos países de origem, tal como foram recebidas dos colaboradores estrangeiros.